Mezio, um sítio do Soajo
Hoje apetece-me falar do Mezio e seus arredores. Falei de Soajo aqui e continuarei.
Um dia, li algures, que o monte Gião e seus arredores, na serra de Soajo, eram um dos locais com interesse arqueológico mais ricos da Europa - é ali que se centra o núcleo megalítico do Mezio. Vale o que vale mas eu acredito que seja muito interessante. Quanto ao território nacional e dentro do mesmo sistema, creio que poderemos incluir os montes e os vales de Castro Laboreiro. Por ali também os homens vivem há milhares de anos.
Claro que nós não somos um país rico para investirmos em estudos que não nos dão de comer directamente mas, se fossemos, a riqueza poderia ser bem maior. Para além disso, também sabemos que os nossos montes, no Minho e, especialmente, na serra de Soajo, são muito chuvosos e a chuva varre tudo! Varre tudo e cobre bem fundo o que era visível. Varre e entope! Mas sempre ficam marcas como podemos ver pelas amostras que vos deixo aqui, do Mezio.
Uma anta no Mezio
Mas temos aqui, em baixo, a mais conhecida de todas. A nossa celebridade, na margem da estrada que consideramos uma pérola e conhecemos como - a anta do Mezio. Hoje penso como gostamos de subir a serra de Soajo por todos os lados e penso como os soajeiros de antigamente poderiam caminhar nela. Tal como o fazemos hoje. Não acredito que o que é hoje a vila de Soajo não tenha sido, noutros tempos, milénios atrás, um centro de difusão de toda esta área.
Sempre que por aqui passo, uma voz vinda dos confins do mundo, penetra no meu cérebro e eu ouço sempre - «olá Ventror»!
Outro sistema usado pelos nossos antigos ocupantes em redor do Gião - a mamoa. O Gião é um lindo monte que nos conta a história ou histórias da nossa gente.
Um dia, caminhava com o meu amigo Ferrada que Deus tem, no estradão do Mezio para o monte Gião à procura de uma égua que lhe faltava. Ele disse-me que, no Outono, os cavalos descem todos para o Mezio e ficam por ali comendo o que resta. Se o tempo melhora, sobem até Cova, à Urzeira e até mais acima. Se o tempo piora, voltam a descer e ficam por ali.
Este, terá sido o movimento dos garranos através dos séculos, dos milénios, pelos outonos e invernos da sua existência, nas suas caminhadas nos trilhos da serra de Soajo (para arquitectos de edifícios de sonhos, na serra de Soajo, não na serra da Peneda!). As caminhadas dos cavalos entre o monte Gião e o monte Guidão, terão sido, pelos séculos fora, a caminhada dos homens, caçadores e recolectores. Nos princípios, milénios acima, como cavalos selvagens que eram, eram também, para além da domesticação, animais de caça e meios de sobrevivência das gentes.
Outro sistema funerário do Mezio - uma das várias mamoas
Continuaremos, caminhando, pelas minhas Montanhas Lindas.