Fojos do Lobo na serra de Soajo
A serra de Soajo tem vários fojos de lobo. Apresento aqui um, aquele em que obtive a alforria necessária para a caça ao lobo, em três montarias. Este é o fojo do lobo a que atribuímos vários nomes. O fojo do lobo da Seida, o fojo do lobo da Brusca, o fojo do lobo de Gorbelas, o fojo do lobo das Forcadas. Ele está enquadrado por estes nomes porque são os mais próximos. Um dos seus braços vem das redondezas do Poulo da Seida, o outro vem das proximidades da fonte das Forcadas. Gorbelas, porque a branda dos rouceiros está por trás do monte, á direita do buraco do fojo. A brusca são todos aqueles montes após o términos da Naia que vão até ao fojo. É o nosso fojo, na foto. Provavelmente o mais bem conservado e, não fosse a protecção ao lobo e bem, ainda permitiria algumas caçadas ou montarias. Penso também que será o melhor colocado estrategicamente para esta área da serra de Soajo.
O Fojo do lobo de que vos falo é este. Na junção dos dois muros, o buraco
Estes são os braços do fojo que se juntam no buraco. O da nossa esquerda desce de perto da fonte das Forcadas. O da direita vem da Seida
Do lado de cá do buraco do fojo fica a Brusca, nos meus velhos tempos, cheia de matos e fragas com buracos adequados a fazer de covil, local onde algumas lobas pariam. Em 1980, atravessei esse sítio com um puto de 9 anos, do buraco do fojo até ao Muranho e os fetos, em certos locais, eram mais altos do que eu. Fomos ter por baixo do Poulo do Muranho e ainda subimos para ir beber água à nossa mais bela nascente. Havia sítios que eu saltava, depois estendia os braços para o apanhar quando ele saltasse. A brusca era também um local de víboras. Não sei se elas terão resistido ao fogo de 2006 porque as cobras, atacadas pelos fumos perdem o tino e vão cair ou meter-se no meio do incêndio, como vi, quando puto, num fogo no Curral Coberto, entre a Assureira e Ramil, Cunhas.
Uma amostra de como eram os muros ou braços do fojo do lobo, nesta foto da nossa amiga Mónica Oliveira
Os muros, na sua face interior eram o mais perfeitos possível para os lobos não os escalarem e, na sua face exterior eram irregulares para permitir que os monteiros ou caçadores chegassem ao topo para visualizarem a posição dos lobos. Com os anos os muros foram sendo derrubados pelos pastores para que permitissem a passagem dos gados. Era nesses buracos dos muros derrubados que se instalavam as pessoas para que os lobos que entrassem no espaço entre os muros, rumo ao buraco não fossem capazes de sair.